Instalação Contágio

A grande maioria das cidades é composta de construções estáticas e estéreis que pretendem a permanecia. A cidade, como coleção destes aparatos reserva alguns espaços onde é permitido o aparecimento da natureza em lugares designados como canteiros, jardins, praças e parques. As edificações, normalmente possuem envelopes externos lisos, polidos, impermeáveis e sem vida.

Recentemente observa-se o aparecimento de dispositivos como paredes verdes, telhados verdes, edificações com varandas e jardineiras que exploram um desejo de aproximação com os sistemas vivos na superfície das edificações. Na maior parte, tais iniciativas são acopladas a uma edificação tradicional como objetos espetaculares e ainda não ocasionaram transformação significativa nas cidades.

Nossa proposta para a intervenção artística é de se criar um sistema de contaminação de edificações por sistemas vivos, utilizando uma combinação de tecnologias com o objetivo infectar de vida as fachadas estéreis da cidade.

Durante o trabalho, serão desenvolvidos 3 dispositivos:

  • Um projétil de sementes. A “seed-bomb” é uma técnica Japonesa ancestral de se criar um projetil composto de sementes e material orgânico contendo os nutrientes para o desenvolvimento inicial da semente. Esta técnica foi reintroduzida pelo Microbiologista e filosofo Masanobou Fukuoka em 1938 e é utilizada por “jardineiros de guerrilha” que espalham sementes em lotes vagos e outros espaços ociosos da cidade. Normalmente as “seed-bombs” são compostos de terra argilosa. Nossa proposta é de se criar uma bomba de semente transparente com alta aderência para fachadas – são critérios o efeito estético (experimentação com pigmentos), escolha de espécies resistentes e a aderência a diversos tipos de fachada. Além disto será considerado um sistema de produção industrializado, para que tais dispositivos sejam reproduzidos a baixo custo e em grandes quantidades;
  • Uma catapulta de baixo custo –Escolhida por ser um aparato simples que pode atirar um projetil a grandes distancias pela energia potencial armazenada. Catapultas foram extensivamente utilizadas desde a antiguidade em cercos e guerras como um mecanismo para atravessar as muralhas das cidades. É importante que o artefato para a implantação dos organismos vivos seja de fácil construção e baixo custo para que possa ser reproduzido por uma comunidade de voluntários em uma grande cidade; A propagação, tal como uma epidemia, depende de uma grande quantidade de sistemas simples e de fácil reprodução;
  • Um painel a ser acoplado em fachadas para aumentar a porosidade para o recebimento de projeteis vivos. Ao contrario de uma parede verde que é desenhada e implantada como um sistema completo, pretendemos criar painéis que poderão ser instalados de forma orgânica em edificações existentes. Neste caso, os painéis serão desenvolvidos como alvo e receptáculo para o estudo do crescimento dos projeteis vivos e serão utilizados para a construção da instalação no museu.

A Instalação no Museu das Minas e do Metal.

A instalação será composta de um painel, uma catapulta e três bancadas com os protótipos e modelos, desenhos e fotografias do desenvolvimento. Pretende-se documentar o experimento em alguma fachada urbana, com variações no conteúdo dos projeteis além de se produzir contaminações em painéis moveis para um entendimento das variáveis que interferem na propagação e vida das infecções vegetais.

Pretende-se contribuir com conhecimento e instigar a ação de se infiltrar sistemas vivos nas fachadas e lugares estéreis da cidade, com o objetivo de se provocar uma mudança na maneira como entendemos e produzimos a arquitetura e os espaços urbanos.

O entendimento do contágio de organismos vivos como potência transformativa frequente na natureza pode ser expandido para ações humanas positivas na transformação do seu habitat. No momento de uma grande pandemia global, resta o aparecimento de vida nova nas trincas das cidades atuais.

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